Este tema me veio a cabeça depois de ter uma longa conversa com um amigo que está fora dos caminhos do Senhor a alguns anos. Na volta pra casa, refletindo sobre o que conversamos e sobre o que eu conheço a respeito da vida deste amigo, que por sinal tem um chamado lindo além de ter sido escolhido para carregar um talento precioso, meditei sobre como é difícil ter uma vida de paz quando se tem conhecimento do chamado, mesmo que você finja que o desconhece.
Com isso, a parábola do filho pródigo me veio em mente, um filho, uma identidade, a dignidade da família, o reino a seus pés. Estes somos nós, escolhidos por Cristo, temos em nosso chamado aquilo que nos estabelece no reino, nossa identidade. O filho pródigo exemplifica muito bem o que acontece quando saímos da nossa vida digna no reino e resolvemos passear por aí.
Em um primeiro momento, tudo parece mais que perfeito. Os amigos, as festas, os lugares, mas conviver com o peso do chamado sem ter responsabilidade com ele nos leva ao lugar mais sujo possível, ou você acha normal querer comer a comida dos porcos? A comida dos porcos é o sinal de que você está perdido, se contenta com o pouco, é como estar a beira de uma praia incrível, com um mar límpido e ainda assim, se contentar em ficar na areia. É como muitos de nós que freqüentam a igreja mas se contentam em VER os milagres ao invés de SER o milagre. Isso é o que representa, pelo menos pra mim, a comida dos porcos.
O interessante nisso, é que quanto mais você caminha pra longe, carregando o peso de conhecer seu papel no Reino, mais insatisfeito você fica! Afinal somos feitos de duas importantes matérias, a primeira é o barro, a terra, aquela que faz nosso corpo ter a sensação de que pertencemos a este lugar. A segunda é o sopro de vida, sopro daquele que é Santo e divino, que é o responsável pela nossa constante insatisfação, pois por causa dele sabemos que não somos daqui, por isso nada deste mundo é suficiente para satisfazer nosso espírito.
Não há viagens de volta a mundo que supram essa insatisfação, não há substância química que seja capaz de acabar com o vazio.
Mas voltando ao filho pródigo, depois de viver com os porcos, ele lembrou da sua identidade, lembrou do reino em que vivia, e voltou com a intenção de obter o menor espaço ali, apenas para se alimentar de forma digna. Acontece, meu amigo leitor, que Deus não te quer como mais um, quando o pai entrega ao filho o anel, ele devolve sua identidade, devolve ao filho sua função em casa. É isso que Deus faz quando você deixa de viver com os porcos e volta pra casa, tudo que você perdeu é restituído! As vestes, como sinal de dignidade, são devolvidas. O anel, como identidade, é devolvido também.
Mas cabe a nós pensar e refletir até onde vale a pena ficar longe “de casa”, vai esperar morar com os porcos pra voltar? Isso é com você! Mas não esqueça que é muito difícil viver em paz quando você não está fazendo aquilo que foi criado para fazer.
E aí, até quando vai viver com os porcos?